sexta-feira, 4 de julho de 2008

Ilha de Lesbos ”cas”

Boa noite !! Como toda pessoa que trabalha em horário noturno, acabo não tendo a famosa hora do almoço, mas tenho minha horinha de jantar e nessa quarta-feira, tive o prazer de ter a companhia de uma amiga que a cada dia venho conhecendo e admirando mais. É engraçado , e motivo para pensar em como me identifico e acabo sendo um catalizador de pessoas do meio , mas esse é um outro assunto que vai virar post futuramente. Entre esfirras e beirutes , o papo fluía muito bem , e acabamos entrando em mais uma assunto sobre o universo “L” , fiquei curioso sobre o que essa querida amiga que conheci no trabalho estava falando , o assunto ? Uma tal de ilha de Lesbos. Ela tinha me contado e explicado sobre o que ela sabia e tinha escutado e fiquei extremamente curioso sobre o tema. Após horas e mais horas de pesquisas , (na verdade foram 3 dias) , descobri coisas no mínimo interessantes . Vou separar por tópicos:


Ilha de Lesbos:

Lebos é a terceira maior ilha da Grécia , muito importante na formação e cultural grega foi berço de grande escritores e poetas como a Safo e do poeta Alcaeus. Aristóteles estudou durante anos em sua capital Mitilene. Interessante saber que um dos primeiros registros públicos de “admiração” feminina feita por nada mais nada menos que uma outra mulher foi registrada lá. Safo foi autora de nove livros de poemas que relatavam sua admiração , encanto e relação entre mulheres (Esses livros foram queimados pelo Papa Gregório VII no século XI).



Origem da palavra Lésbica:

A palavra lésbica era usada para referenciar habitantes da ilha, but , uma vez que a ilha ficou conhecida historicamente pelos poemas e pela “ opção “ sexual de sua poetisa Safo , os termos lesbianismo e safismos são utilizados hoje para empregar rotulações a pessoas que gostam de mulher , opa!!! Eu sou lésbica ! (uma piadinha fora de hora) Nem vem , vocês entenderam , ok , ok , ok ... mulheres que gostam de mulheres , corrigido !


Safos :

As poesias de Safo eram dedicadas a mulheres, como disse logo acima . Eram poemas ardentes, sensuais, eróticos. Poemas "lésbicos".Depois de muita procura, achei um poema onde podemos constatar o que foi dito até agora :


"Não mais voltarei a ver a minha doce Átis/Morrer seria menos cruel que tão odioso destino./De mãos dadas, na noite perfumada,/Íamos à nascente ou vagueavamos pelas charnecas./Entrançei, para o teu pescoço, inebriantes grinaldas./A verbena, a rosa e o fresco jacinto/Envolviam os teus belos seios num adorado abraço./Os preciosos aromas servem de unguento ao teu corpo formoso/E jovem. Junto a mim descansando ternamente,/Recebias das mãos das sabedoras servas/Os mil objectos que a arte e a languidez inventaram/Para ornamentar a beleza das filhas da Jónia."



O que mais chamou atenção nessa estória/historia , foi saber que Safos cometeu suicídio por um amor não correspondido de um HOMEM chamado Fáon. Segundo consta , ela se jogou em alto mar de uma rocha na ilha de Lêucade , essa atitude “passional” ficou conhecida como “Salto de Lêucade” . Uma vez escutei um Antropólogo dizer que não existem Homossexuais ou Heterossexuais , mas sim atitudes heterossexuais ou homossexuais . Iai , você concorda?


Lendas :

Entre as mais famosas posso mencionar as Amazonas , eram elas guerreira de uma tribo que povoaram a Ilha de Lesbos vindo da Ásia , não aceitavam homens em seu meio (apenas para a reprodução), as crianças do sexo masculinos eram mortas ao nascer , temos que ressaltar que estamos falando do séc III a.C, a barbaria vivia solta era “comum” (Hoje existem estatutos e votações na nossa política que permitem que algumas delas sejam cometidas legalmente... e desabafo , RS) .Amazona em grego significa “sem seio” , segundo a lenda elas cortavam o próprio seio direito para manejar melhor seus arcos . Uma Amazona super conhecida é (ou era) Hipólita,ajudou os troianos contra os gregos, foi morta por Aquiles.Um registro muito interessante foi feito por Francisco Orellana (Explorador espanhol) que usou as palavras abaixo para descrevê-las:


“ São muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido , entrançado e enrolado na cabeça. São muito membrudas e andam nuas em pêlo, tapadas as suas vergonhas, com seus arco e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra com dez índios... Quando lhes vinha o desejo , faziam guerra a um chefe vizinho , trazendo prisioneiros que libertavam depois de algum tempo de coabitação. As crianças masculinas eram mortas e enviadas aos pais, e as meninas criadas nas coisas de guerra. Vestem finíssima lã de ovelhas do Peru e usam mantas apertadas, dos peitos para baixo , mantendo o busto descoberto , trazem os cabelos soltos até o chão , e na cabeça coroas de ouro da largura de dois dedos”



(E tem gente que ainda reclama dos movimentos feministas de hoje)


Hoje a ilha é destino garantido de historiadores , poetas e lésbicas(juro!inclusive existem cruzeiros voltados para esses fins) ,a ilha vive do turismo e do comercio agrícola , (Figo , azeitonas , óleos e azeites ) . Lembrei muito da minha amiga Luiza, sempre quando alguma coisa vai acontecer ela usa a frase “Vai dar sabão” o porque dessa lembrança agora? Porque a maior fabrica da ilha é de sabão !E laia!



Bjos e abraços

Du

BIBLIOTECA BÁSICA DA EDUCAÇÃO SEXUAL. A homossexualidade feminina . Rio de Janeiro: Século futuro, s.d.
BRIGHT, Susie. Sexo entre mulheres : um guia irreverente. Trad. Sonia Simon. São Paulo: Summus, 1998.
BROWN, Judith. Atos impuros : a vida de uma freira lésbica na Itália da Renascença. Trad. Claudia Sant'Ana Martins. São Paulo: Brasiliense, 1987.
DUARTE, Constância Lima. Feminismo e literatura no Brasil. Estudos avançados , set./dez. 2003, vol.17, no.49, p.151-172. ISSN 0103-4014.
FAURY, Mara. Uma flor para os malditos : a homossexualidade na literatura. Campinas: Papirus, 1983.
JEFFREYS, Sheila. La herejía lesbiana : una perspectiva feminista de la revolución sexual lesbiana. Trad. Heide Braun. Madrid: Cátedra, 1996.
KATZ, Jonathan Ned. A invenção da heterossexualidade . Trad. Clara Fernandes. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.
LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo . Trad. Vera Whately. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.
LEONEL, Vange. Grrrls : garotas iradas. São Paulo: Summus, 2001.
LEONEL, Vange. Lésbicas . Rio de Janeiro: Velocípede, 1999.
MÍCCOLIS, Leila & DANIEL, Herbert. Jacarés & lobisomens . Rio de Janeiro: Achiamé, 1983.
MOTT, Luiz. O lesbianismo no Brasil . Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987.
NAVARRO-SWAIN, Tania. O que é lesbianismo . São Paulo: Brasiliense, 2000.
PORTINARI, Denise. O discurso da homossexualidade feminina . São Paulo: Brasiliense, 1989.
RUBIN, Gayle. O tráfico de mulheres: notas sobre a economia política do sexo. Trad. ONG SOS Corpo (Recife). Título original: The traffic in women. In: REITER, Rayna. (org.) Toward an anthropology of women . New York : Monthly Review Press, 1976.
TREVISAN, João Silvério. Devassos no paraíso : a homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. 3.ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Record: 2000.
WOLFF, Charlotte. Amor entre mulheres . 2.ed. Trad. Milton Persson. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978.
http://www.geocities.com/girl_ilga
http://creatividadfeminista.org/index.htm
http://www.google.com




3 comentários:

Danimone Filmes disse...

Ah, Eduuuu!!!
Muito obrigada por lembrar de mim!!! Nao sabia que nossa conversa renderia um post tao interessante! Sua pesquisa ficou otima, sanou varias duvidas e ainda, enriqueceu a historia que nao estava muito clara em minha cachola!!!

Bom, agora soh falta um salva para Safos e pra ti amore! Parabens!!! Parabens!!! Parabens!!!
Um grande beijo no seu coraçao!!!

fuica disse...

Si , não tem como não lembrar de você ! Alem de tudo me dá ótimas idéias , (ou assuntos) . Estou te devendo uma palha italiana heim!
Bjaoo
du

Wallace Ramos disse...

Do jeito que vocês se postam vai dar namoro...

Afinal não tamu mas no século IIIa.C.

Só não dá namoro se forem casados, historicamente bom post